Finalmente, chegou a última semana do ano. Talvez o termo certo não seja “finalmente”, mas sim “já”. Vou aproveitar também para refletir como foi o ano. Para mim, este ano foi cheio de desafios (em alemão Herausforderungen) e novidades (Neuheiten).
O primeiro semestre contou com: processo para a bolsa de estudos em andamento nos quesitos burocráticos (papeladas e documentos que não acabavam mais) e o aceite da candidatura na Universidade Técnica de Berlim (Technische Universität Berlin); preparativos para a formatura de piano para uma apresentação solo depois de 15 anos de curso; 2 décadas completas de vida; concurso musical da universidade, na qual tive a honra de ser contemplada com o prêmio de 3° lugar.

A passagem para o segundo semestre, na qual constam os maiores desafios do ano, foi a viagem rumo à Alemanha, especificamente, Berlim. Os primeiros dois meses, de adaptação e curso intensivo de alemão, morei com duas meninas, uma da Indonésia e outra do Paquistão. Por sorte, eu sabia inglês e conseguia me comunicar muito bem com elas, mas às vezes eu penso que foi uma loucura, vir em um país, cujo idioma eu estou aprendendo há menos de 3 anos. Nesse período, principalmente tive que me acostumar a fazer tudo que os meus pais faziam para mim sozinha: cozinhar, limpar a casa, lavar as roupas, fazer compras, administrar o dinheiro e cuidar de mim quando fiquei doente. Em contrapartida, tive liberdade de fazer o que quiser quando eu quisesse, mas sempre ciente de suas consequências.  

Acabou o curso de alemão de dois meses, mudei de apartamento e fui morar em um outro, agora com um Romeno e outra Indonesiana. Agora sim: organizar tudo para que eu pudesse ter uma boa estadia por um ano. Por sorte, eu não precisei comprar nada de mobília nem utensílios. Me acomodei e na semana seguinte, começou um outro curso de alemão intensivo, agora obrigatório pela universidade para todos os alunos estrangeiros. Acabou e logo iniciaram as aulas. Por sorte, todas as matérias que resolvi cursar são do mesmo núcleo, de Química Técnica (Technische Chemie), e ligadas, mesmo que indiretamente, com o o professor responsável por mim aqui na Universidade. Além do curso de alemão, que continuo frequentando, para aprimorar, resolvi inovar um pouco: estudar japonês e fazer Kung Fu. A vontade de eu querer estudar japonês surgiu repentinamente, sem motivo algum, e consegui me adaptar muito bem! Como eu já tinha uma base para o idioma, está sendo fácil e, o principal de tudo, estou aprendendo bastante, tanto vocabulário, gramática (que nunca tinha estudado) e ideogramas! Quanto ao Kung Fu, sempre quis fazer um esporte de luta, mas nunca tive tempo nem oportunidade, e aqui, como a universidade possui um núcleo esportivo, a qual oferece cursos com preços especiais para alunos (eu pago 22 EUR o semestre!), resolvi aderir, até porque se eu não me movimentar, eu viro uma bola!

Graças a Deus, todos esses acontecimentos do ano de 2015 me fizeram aprender muito, principalmente quanto aos ligados à inexperiência de viver sozinha em um país desconhecido. A experiência está sendo única. Quem diria que eu estaria aqui há um ano? Ano passado pensava na hipótese de eu estar aqui, mas era apenas uma ideia que somente de longe pensaria que fosse se realizar. Todo esse tempo não passou rápido, mas voou.

Gostaria de agradecer a todas as pessoas que fizeram parte dessa etapa importantes da minha vida, para o desenvolvimento profissional e, principalmente, pessoal.

Feliz ano novo!

Frohes neues Jahr!


O final de ano chega e em novembro já se iniciam os preparativos para o Natal. Aqui na Alemanha existe o termo Adventszeit, na qual é designada para essa preparação natalina, de celebrar o nascimento de Jesus Cristo. Todas as cidades alemãs são enfeitas com luzes e decorativos para esse momento tão esperado do final de ano. Por mais que a maioria dos alemães não sejam religiosos, a data vale para passar o tempo juntinho com família e/ou amigos.

No final de novembro iniciam-se as Weihnachtsmark, que na tradução livre significa “Feira de natal”. As barracas vendem souveniers, acessórios para inverno, canecas, comidas típicas alemãs de rua (pommes – batata frita, Currywurst – salsicha com curry, Lebkuchen – bolachas de mel em formato de coração decoradas, como no Oktoberfest, Bratwurst – pão com salsicha etc) e, principalmente, Glühwein, que é comparável ao “quentão” ou “vinho quente brasileiro” que vem em uma caneca personalizada com o nome da cidade e o ano, que decidi colecionar. Adoro visitar essas feirinhas coloridas e sentir esse clima aconchegante, bebendo um Glühwein! Pessoalmente, prefiro quentão, pois o Glühwein é somente um vinho doce e quente; o “Glühwein brasileiro” tem especiarias como cravo e canela, que o deixam delicioso!

Outra forma de preparativo adorada é com o Adventskalendar: é um calendário de 1 a 24, na qual a cada dia passado de dezembro, abre-se uma portinha e dentro dela há uma minisurpresa, até chegar o dia 25. Existem Adventskalendar de várias coisas: chocolate, chá, bijuteria, cosméticos, cerveja... E também existe uma versão mais elaborada, na qual normalmente os pais preparam aos seus filhos pequenos. Esse calendário podem ser caixas ou meias de veludo, também numerados de 1 a 24, e a cada dia há um presentinho dentro. Eu comprei um Adventskalendar em forma de árvore de natal da Kinder Friends! As opções de surpresas são Schoko-Bons, Kinder Riegel, Kinder Bueno e Kinder Country. Infelizmente, no Brasil só se encontra Kinder Bueno. Os outros chocolates são também igualmente deliciosos!

Quanto aos pratos típicos natalinos, para ser sincera, só conheço um (até agora), que é pato com repolho roxo e batata ou bolinhos de batata, bem delicioso! Quanto aos doces, comprei Stollen, que acredito ser um bolinho consistente que “substitui” o panetone brasileiro, e também Lebkuchen, que são bolachas de mel cobertos de chocolate com formatos bonitinhos. Quanto ao Stollen, existem várias marcas, mas por indicação de uma amiga, comprei da marca mais cara, mas tradicionalíssima e deliciosa, por ser da primeira fábrica a produzi-lo.

E também se vê na rua pinheiros de verdade para vender. Ao contrário no Brasil, que todas as árvores são de plástico, muitas pessoas enfeitam suas casas com pinheiros. Acredito que esse fato se deve ao clima frio, que proporciona o crescimento desse tipo de vegetação e alimentar essa cultura do hemisfério norte, de remeter a imagem de um pinheiro ao natal. Optei por não comprar um pinheiro (ficarei apenas com o pinheiro que está plantado em frente à minha janela), mas minha amiga disse que normalmente sua avó compra, enfeita-o e o sua boa fragrância se espalha pela casa inteira.

Pelo fato de viver sozinha, não fiz grandes coisas e também não investi muito dinheiro para decorações natalinas. Por isso, comprei coisinhas pequenas somente para “decorar” um pouco o meu quarto e relembrar que o natal está chegando. Abaixo tem uma foto de como está a minha decoraçãozinha.



Feliz natal!

Frohe Weihnacht!



Berlim é uma cidade muito segura, mas, infelizmente, não quer dizer que a taxa de criminalidade é nula. Ouve-se muitos relatos de furtos na rua e, principalmente, nos transportes públicos. A mãe da menina que morava comigo perdeu a bolsa (roubaram) em um restaurante no Alexanderplatz, um dos centros de Berlim. E também, outro dia, a menina que mora comigo foi roubada, sem perceber, no metrô. Sempe ouvi essas histórias, mas nunca pensei que fosse acontecer comigo, pois no Brasil, que é mais perigoso que aqui, nunca aconteceu. Na semana passada, inclusive, uma colega perdeu seus documentos (carteirinha de estudante com passagem semestral de transporte público, passaporte com o visto etc) que estavam dentro da mochila roubada e a perguntei se conseguiu recuperar seus documentos. Disse que estava tudo em ordem e faltavam alguns detalhes.

E adivinhe o motivo de eu estar escrevendo esta postagem: aconteceu comigo. Eu preciso sempre apresentar a carteirinha de estudante, que é o mesmo para ticket de transporte público. Lembro-me da última vez que guardei na moedeira dentro da mochila no último ônibus que peguei. Depois, quando cheguei em frente da porta de casa, percebi que a minha mochila estava fazendo muito barulho, mas nem me preocupei, pois pensei que fossem os chaveiros. Fui pegar a chave para abrir a porta e percebi que a minha mochila estava aberta, sem a moedeira. Voltei na estação e não vi nada. Entrei na casa e comentei com a pessoa que mora comigo e citei o que aconteceu, mais ou menos onde que poderia ser o possível local da perda e citei o que tinha dentro: 16,30 EUR em dinheiro, cartão do restaurante universitário, cartão pré-pago e carteirinha de estudante com o ticket semestral. Ela disse que eu deveria imediatamente cancelar o cartão e solicitar um novo.

Cheguei no quarto e liguei para cancelar o antigo cartão e solicitar um novo. Isso me custou U$ 10. Por sorte, o tempo foi tão curto, que nem teve tempo para ninguém gastar, uma vez que para utilizar o cartão basta somente assinar a nota fiscal, pois não solicita senha, ou pela compra na internet só digitar os números do cartão e o código de segurança.


No dia seguinte fui à universidade a pé, para economizar uma passagem e me exercitar. Peguei a rota tudo certinho no Google Maps antes de sair de casa, mas para quê? Me perdi e tive que me localizar com GPS. Cheguei na Universidade e fui solicitar um novo ticket semestral. Por sorte, encontrei a colega citada acima e fiz todo o procedimento necessário para solicitar uma nova carteirinha, que me custou mais 16 EUR. Por sorte, foi tudo rápido e tranquilo e a pessoa responsável por nós, bolsistas, disse que nesse período de final de ano há muitos roubos em decorrência das festas, que os ladrões querem festejar a nossa custa.

Quanto ao cartão do restaurante universitário, Mensa, consegui tranquilamente resgatar o valor do cartão para um novo.


Eu posso até ter agido desesperadamente (sem sequer esperar um dia para ver se alguém encontra), mas prefiro muito mais requerer novos documentos, não correr o risco de levar um prejuízo maior, não se preocupar mais com o pequeno roubo e voltar à rotina normal, com ENORME cuidado com os pertences pessoais. Quem diria que essas coisas nunca se passariam conosco? Agora, infelizmente, posso dizer que já fui roubada, não no Brasil, mas na Alemanha!


Quem me conhece, sabe que as coisas para mim são “para ontem” e, muitas vezes, ajo desesperada e as coisas tem que se na hora. Normalmente mantenho as minhas coisas (qualquer coisa) ou em dia ou um pouco adiantado. Mas isso me faz agir sem pensar e isso já me custou um pouco de dinheiro aqui na Alemanha. Com essas pequenas coisas do dia a dia, já aprendi a não ter tanto esse pensamento “para agora”, mas antes de fazer algo pensar um pouco e pensar em outras possibilidades.

Como contei no “Diário de Berlim 3 –Compra de botas pela internet”, mal vi no Facebook a oferta da bota por 19,90 EUR e já fiz cadastro no site para realizar a compra. Depois do retorno da bota ao fornecedor e retorno do dinheiro, passou a virada do mês e, de repente, sumiu 39,95 EUR da minha conta. Fui ver no extrato da onde que tinha sumido e era da JustFab. Liguei na central de atendimento (pelo menos para essa loja o atendimento é bem rápido) e perguntei o motivo da cobrança. Eles disseram que eu havia me registrado para ser um membro VIP da loja, na qual eu teria descontos nas peças das coleções e todo mês seria descontado da minha conta 39,95 EUR para que eu pudesse adquirir as roupas. E, caso eu não quisesse que esse valor fosse cobrado, todo mês entre os dias 1 e 5 eu poderia pausar essa “cobrança” durante os cinco primeiros meses e que depois desse período, a cobrança não seria mais feita. No momento, eu pensei “o quê?“, pois eu não havia lido em nenhum lugar sobre essas cláusulas (e depois, eu visitei o site como “nova cliente” e, realmente, não há nenhum lugar, no momento do registro que fale sobre isso. Para não dizer que não tem, as regras estão escritas em uma página a parte, que só quem “fuça” o site encontra). Para cancelar essa “assinatura” tive que fazer outra ligação, pois a primeira pessoa que me deu as informações sobre o cadastro disse que não teria como cancelá-lo. Depois, liguei pela TERCEIRA VEZ para ter o meu dinheiro de volta. Disseram que não existe devolução desse tipo de “cobrança” e que o crédito ficaria disponível para a próxima compra. Tudo bem. Por causa disso, às vezes entro no site e tento finalizar a compra de uma peça qualquer, só para não perder o dinheiro, e dá? A resposta é não! Por enquanto, o dinheiro está perdido.

Outro caso foi tentar fazer reserva de um hotel. Como vou acompanhada, no filtro de busca já havia citado que a reserva seria para 2 pessoas. Encontrei uma oferta muito, mas muito barata. Nem pensei duas vezes e já efetuei a reserva. Na hora que eu terminei a parte burocrática e o pagamento, vi que a reserva era apenas para um quarto solitário. Bem que estava desconfiada pelo preço. Também nem pensei duas vezes e cancelei a reserva. Como tudo ocorreu num intervalo menor que 20 minutos, nem deu tempo do pagamento ser debitado do cartão; então, dessa vez, não perdi nada, ufa!

Para mostrar que eu aprendi que ser “desesperada” pode sair caro (mas incomodo muita gente), fui a procura de uma mochila ou mala para viagem, do tamanho necessário para que empresas de avião aceitem como bagagem de mão, pois as que eu tenho ou são muito pequenas ou muito grandes. Fui primeiro na Decathlon e encontrei um mochilão por 19,90 EUR. Quase comprei, mas eu me contive, pois haveria a possibilidade de eu encontrar opções melhores. Isso já foi um grande passo para que eu não agisse desesperadamente, mas tive que me conter muito. No dia seguinte, fui no Outlet de Berlim: encontrei boas opções de malas caras, pelas quais eu ainda poderia pagar. Como eu disse, incomodei dois grandes amigos, pedindo por sugestões. Um disse que preferia mochila, por ser mais prática e a outra disse “você vai trocar uma de 19,90 EUR por uma de 31?”. No final da história, voltei na Decathlon e comprei o mochilão de 19,90 EUR.



Como é muito difícil mudar o próprio jeito de ser, infelizmente, percebo a necessidade da minha mudança de uma maneira não muito agradável: perdendo dinheiro. Ainda bem que dinheiro não é tudo e também aprendo a lidar melhor com meus “defeitos”. Ações devido aos meus defeitos saem caras, mas também espero que, com isso, eu me torne uma pessoa melhor! Gostaria de agradecer as pessoas que, mesmo não gostando dessa minha característica, me aturam e sempre estão ao meu lado!