Quando cheguei na Alemanha, fiquei na casa de uma alemã, até o dia em que eu deveria me mudar. Ao chegar em sua casa, ela me mostrou o apartamento e a localização da cozinha e do banheiro. Ao me mostrar o banheiro, ela me disse que a porta deveria ser mantida aberta, pois se a mantivesse fechada ficava um cheiro ruim, ou seja, não havia janela, e eu percebi que o interruptor era do lado de fora. Já pensou em estar no banheiro e alguém apagar a luz? Pois é,  infelizmente já aconteceu duas vezes comigo, por engano, pensando que o banheiro estivesse desocupado.

Enfim, chegou o dia de me mudar, e no novo apartamento, a mesma coisa: banheiro sem janela e interruptor do lado de fora. Por enquanto, de todas as casas que visitei, apenas dois banheiros possuem janela. Eu não sei o porquê arquitetônico ou estético se deve isso. Pelo menos no banheiro do lugar que atualmente moro, tem exaustor, que evita umidade excessiva e maus odores.

Um dia aleatório, fui comprar donuts e usei o banheiro do estabelecimento. Na saída,  havia uma moça que me cobrou 0,50 EUR. Como havia recentemente chegado no país e meu alemão ainda não estava muito bom, nem discuti, mas fiquei pensando "por que diabos tenho que pagar, sendo que consumi um produto do estabelecimento?". Isso se deve ao fato de que normalmente a equipe de limpeza do estabelecimento é terceirizado.

Com o passar do tempo descobri que o banheiro de muitos locais na rua são pagos, por exemplo: banheiros públicos  (diretos na rua), rodoviária, estação de trem (e não de metrô,  que nem tem!). Shoppings nem têm banheiro, por exemplo. Se for em restaurante, bar, balada etc normalmente tem-se uma mesinha com um pires para se colocar moedas em cima. Ninguém é obrigado a pagar (a não ser que tenha catraca na entrada ou se te barrarem por não pagar), mas o tio ou a tia da limpeza ficam agradecidos com sua contribuição (ou simplesmente sai reto). Às vezes tem algumas redes de fast food que cobram pelo banheiro mas descontam esse valor posteriormente ao fazer o pedido.

Essa diferença cultural foi um pouco difícil de lidar, uma vez que no Brasil normalmente se entra no McDonald's ou em algum shopping só para usar o banheiro e aqui, na Alemanha, ou você aguenta até chegar em casa, ou paga até 1 euro para usar o banheiro ou consome algo em um local que tem banheiro aos clientes.

Bis bald!


Aqui na Alemanha tem-se a fama de que tudo funciona certinho, e de fato, apresento mais uma situação, que comprova isso. Comprei uma impressora usada pelo eBay, mas ela veio sem o cabo para conectar ao computador. Então, fui à Saturn, uma das maiores redes de lojas de eletrônicos, e comprei um cabo A-A (com duas entradas USB). Cheguei em casa, e vi que a entrada era diferente, o cabo deveria ser A-B. No momento, pensei: “O que que vou fazer com esse cabo?”. É claro que comentei com minha amiga e me disse que com a nota fiscal e o produto era possível realizar a troca na loja. Fui logo no dia seguinte e consegui realizar a troca, sem problemas, e dessa vez sim, obtive o cabo certo.

Outro dia, fui na IKEA, loja de departamentos de mobílias e utensílios domésticos, para comprar o que precisava para o apartamento. Um dos objetos que comprei era escorrerdor de louça. Fui com a colega de apartamento e  vimos um modelo bem bonito e prático. Mas como ele vem desmontado, acabamos pegando a caixa errada. Só fui perceber que era o modelo diferente, quando cheguei em casa e abri a caixa. No dia seguinte, fui novamente à loja para a troca do produto. Havia como perceber que a caixa fora aberta, mas o atendente apenas perguntou, se todas as peças estavam lá dentro. Ele nem abriu a caixa e me deu a comanda com vale, no valor da peça devolvida.

E, para quem me conhece bem, sou uma pessoa organizada (às vezes, até demais). Como sou eu quem lido com meu dinheiro, tenho controle de tudo que entra, tudo o que sai (quanto e onde). Um dia, fui ao mercado (só atravessar a rua de casa) e fiz uma pequena compra. Mentalmente, fiz a conta, na hora da compra, para saber mais ou menos quanto sairia a compra. Quando cheguei no caixa, o valor tinha dado um pouco a mais. Na hora pensei que eu tinha errado a conta. Um pouco mais tarde, revi a notinha e vi que um dos produtos tinha sido cobrado duas vezes. Correndo, antes que o mercado fechasse (já era 21:45 e fechava às 22:00), fui direto ao mesmo atendente, disse que havia uma cobrança errada, e, sem questionar, ele me deu o valor que tinha sido cobrado errado.

Já vi um dia, em outro mercado, que uma mulher reclamou à atendente que havia uma cobrança errada. A atendente, com certeza que não cometeu algum erro, disse que não havia erro nenhum e nem quis rever a nota fiscal. Com essa exceção, observa-se que, na maioria das vezes, é o cliente que tem razão (pelo menos, com o que aconteceu comigo).


Espero sua visita na semana que vem!


Olá! Vou continuar a citar alguns fatos presenciados em transportes públicos, mas para começar, gostaria de nomear os principais meios de transporte de Berlim: Bus e Metrobus (ônibus), Tram e Metrotram (bonde), U-Bahn (metrô), S-Bahn (trem) e Regiobahn (trem de longas distâncias). A diferença entre Metrobus e –tram é que os tranportes “metro” são privatizados. E vale ressaltar também que os trams só existem no lado oriental de Berlim, pois foi construído antes da queda do muro.

Agora, citarei mais dois casos de controladores. Um dia, lá por volta das 8 horas da noite, estava em um S-Bahn e os controladores chegaram. Mostrei meu ticket e tinha um garoto com o ticket errado (não sei se era ticket do outro dia ou se era do dia, mas já expirado), mas aparentemente ele não falava em alemão. O controlador o submeteu a descer na próxima estação para aplicar a multa e um homem gritou “ele está comigo”. O controlador olhou para o relógio, ficou mal humorado e, quando ele saiu do trem, olhou para o garoto e disse “vai lá com o seu amigo!”. O que aconteceu foi que quando se compra um ticket com validade mínima de uma semana (como Monateskarte, para o mês, ou se faz uma “assinatura” por um ano), todos os dias a partir das 8 horas da noite, finais de semana inteiros (sábado e domingo) e em alguns feriados como 24 de dezembro de 31 de janeiro (também o dia inteiro), esse mesmo ticket vale para mais um adulto e até três crianças (6 a 14 anos). Como já tinha passado das 8 da noite, então essa regrinha estava valendo. Por dentro fiquei contente, por saber que ainda existem pessoas boas.

Conhecendo a existência dessa regrinha, pensei que em finais de semana, ao comprar qualquer ticket, de qualquer cidade, ela se aplicava: quando fui em Bremen e comprei o ticket válido para o dia ineiro, nele dizia que eu poderia “carregar” mais dois adultos e duas crianças. Então, quando viajei à Munique, raciocinei que se eu comprasse o ticket para uma ida no sábado, valeria para duas pessoas. Mas não. Comprei só um mesmo e, por sorte, não fui fiscalizada. Essa regra é diferente para cada cidade, pois as empresas que regem o transporte público são diferentes. E, normalmente, quando se pode levar outra pessoa com o mesmo ticket, a informação é bem clara.

E vou quebrar um mito de muitas pessoas: por mais que os transportes públicos sejam bem organizados e bem estruturados, ocorrem atrasos sim! Toda semana, no mesmo horário, quando saio da aula para voltar para casa, tem atraso no U-Bahn na linha U7. Mas saibam de uma coisa: todos os atrasos são avisados por autofalantes e atualizados no aplicativo da empresa responsável pelo transporte (no caso de Berlim, BVG).

E uma informação importante é que não se pode comer nem beber dentro dos transportes públicos (com exceção dos Regiobahn), pois isso diminui os custos de limpeza. É por isso que não existem lixeiras no inteiror dos metrôs, trens, trams e ônibus! Nunca vi ninguém levar multa por comer e beber dentro dos trens e ônibus, mas já vi uma senhora que implicou com uma moça que bebia café no metrô. Viu que a moça não se importava, a senhora, bufando, saiu do metrô.

Aqui em Berlim também é muito normal as pessoas beberem cerveja na rua, mas é expressamente proibido beber dentro dos transportes públicos. Como nos ônibus, os prórpios motoristas que são os fiscais, se você estiver com uma garrafa de cerveja aberta, o motorista não deixa você entrar (ou se ele perceber quando já tiver entrado no ônibus, ele expulsa!). Isso eu sei porque aconteceu quando eu estava com alguns colegas.

Outra peculiaridade dos metrôs e trens (não somente de Berlim), é que toda porta possui um botão a ser acionado, somente se tiver gente para subir e descer. Isso economiza energia, ao deixar de abrir e fechar portas, pelas quais ninguém passa.

Acredito que são algumas pequenas histórias e experiências que adquiri ao utilizar os transportes públicos. Eles, realmente, são muito bons e autosuficientes, pois posso ir para qualquer lugar, a qualquer hora (em alguns momentos, leva mais tempo, mas ainda assim consigo ir para onde desejo).


Até a semana que vem!


Hoje vou falar sobre o sistema de transporte público de Berlim e falar de algumas experiências que tive. Diferentemente do Brasil, todos os transportes públicos (ônibus, trem, bonde, metrô) não têm catracas. Isso quer dizer que se pode se transportar pagando ou não pagando a passagem, mas o correto, obviamente, é andando com o ticket em mãos. Nos metrôs, por exemplo, existem vários avisos, como Bevörderung nur mit gültigem Fahrausweis (Transporte somente com ticket válido). Também existem diversas modalidades de ticket, sendo as principais para trechos curtos (válido por 2 horas para uma ida que custa 2,70 EUR), Tageskarte (válido para um dia inteiro e custa 6,90 EUR) e o Monatskarte (válido para o mês inteiro e custa 79,50 EUR). Ainda há uma subdivisão do ticket mensal: tarifa normal e para estudante*, que custa 56 EUR). A fiscalização é sempre repentina: sem dia nem horário marcado, os “controladores” aparecem no seu vagão (trem, metrô, ônibus) e pedem para que lhes mostrem um ticket válido. Se o seu ticket estiver com alguma irregularidade ou estiver andando sem, é inevitável levar uma multa de 60 EUR. É um dinheiraço! Acho (pelo menos nunca presenciei) que nos ônibus não têm fiscais, mas se você estiver sem ticket, o motorista não parte sem que você compre o ticket ou saia do ônibus. Graças a Deus eu nunca levei, mas sepre que eles aparecem, mesmo que eu tenha o ticket, sempre dá um medinho!

Um caso de multa que presenciei (não foi comigo!) foi com uma colega. Estávamos andando de metrô, quando a fiscalização apareceu. Apresentei meu ticket e ela também. Comigo, tudo certo, mas o problema estava no fato de que ela tinha o ticket de estudante mas não tinha nenhum comprovante de que ela era estudante. De certa forma éramos estudantes, mas de um curso de idiomas e esse tipo de atividade não dá privilégio de ganhar descontos em transporte público. Resultado: ela levou a multa de 60 EUR, que deve ser paga em qualquer agência bancária no período de até 1 mês, e se tivesse algum documento para justificar a ocupação de estudante, deveria apresentar em 48 h no escritório da empresa responsável pelo transporte público, BVG. Os fiscais foram embora e ela estava chocada, pois me disse que ela não comprou o ticket de estudante porque quis, mas porque ao comprar com a atendente, ela deu um ticket de estudante com o troco e a minha colega não viu o ticket nem conferiu o troco, pois estava atrasada. Também não tinha como ela explicar isso para os fiscais, pois ainda estava começando a aprender alemão.

Como ainda estava no meu primeiro mês de estadia em Berlim, liguei para a minha amiga (sim, a mesma de sempre) para perguntar se haveria alguma forma de “abonar”, justificar essa multa. Ela disse que deveríamos ir até a universidade para pegar algum documento, justificando que ela é uma estudante. A minha amiga também relatou que um dia ela levou a multa por ter esquecido a carteirinha em casa. Mas que ao chegar em casa, pegou a carteirinha e foi ao escritório da empresa de transporte público e mostrou sua carteirinha com a multa, dizendo que havia esquecido no momento da multa e, com isso, conseguiu diminuir a multa para apenas 7 EUR. E ainda me disse que a multa está dada e deve-se pagar à qualqer custa, mas que se conseguir “corrigir” o erro, paga-se bem menos. Então, largamos tudo o que tínhamos para fazer e fomos ao campus, escritório, secretaria de sua universidade e, infelizmente, não conseguimos nada, pois seu processo de admissão ainda estava em processo.

No final, fomos ao escritório do BVG (quase na hora de fechar) e eu fui sua porta voz. Tentei explicar o que aconteceu com o atendente em alemão e tentar negociar, pois ele não falava inglês. Mostrei todos os papéis da universidade que ela tinha, ele não aceitou. Perguntei se não tinha como completar o valor do ticket e trocar pelo ticket certo, pois ela não tinha dinheiro, e ele disse que não tinha como e deixou bem claro: “Sem dinheiro, sem ticket”, em alemão Kein Geld, kein Ticket. Isso também deixou bem claro a cordialidade alemã: se é assim, é assim que vai ser.

Ela pagou os 60 EUR e ainda comprou um novo ticket.

Um tempinho depois, ela retomou esse assunto comigo e disse que aconteceu o mesmo com o amigo dela, mas ele trocou o ticket de estudante por um normal no mesmo ponto de compra, foi ao escritório e mostrou o ticket certo, diminuiu a multa para 7 EUR e pagou. Que complicado, né?

*Agora vou explicar o porquê do asterisco do ticket de estudante. Para o meu terceiro mês de estadia, eu já estava com quase todos os documentos da minha universidade e tinha uma reunião com todos os intercambistas e de lá, faríamos o cartão do Mensa, vulgo RU (Restaurante Universitário) e compraríamos o Monatskarte. Como o ticket semestral da universidade valeria somente a partir de outubro, ainda precisaria de um ticket para setembro para frequentar o curso de alemão. Mas dessa vez, consegui o ticket de estudante, que é um pouco mais barato. Mas para ter esse privilégio, é necessário uma foto 3x4, para a carteirinha que é para apresentar junto ao ticket, e comprovante de estudante.

Na semana que vem vou falar um pouco mais sobre algumas experiências vivenciadas com o transporte público aqui em Berlim!

Bis bald!

Até logo!