Quem me conhece, sabe que desde pequena estou envolvida com a música. Aqui na Alemanha, sempre que saio de casa, consigo apreciar boa música de graça. Não digo pelo Spotify (aplicativo que permite escutar músicas online), mas sim nas ruas. Para ilustrar, tirei duas fotos de artistas na Alexanderplatz. Infelizmente, as fotos saíram borradas, mas dá para ter uma ideia de como são. A banda, quando passei, tocava (muito bem) “Born to be wild” e o solo de bateria improvisada tocava algo que eu não consigo definir.

Aqui em Berlim existem muitos músicos de rua, sejam eles nas estações de trem ou metrô (inclusive nas entradas), dentro de trens, em praças, parques, pontes, pontos turísticos, deibaixo do viaduto... Esses artistas de rua dão um jeito, para que qualquer lugar se torne um palco.

O primeiro artista de que eu me lembro de ter visto, foi na estação Stadtmitte (linhas U2 e U6): um homem que toca músicas eruditas conhecidíssimas com um acordeon. É muito bom ficar o apreciando. Também tem muitas pessoas que tocam violão, gaita e às vezes pandeiro (no pé) e cantam, tem um que toca gaita de fole na Alexanderplatz, faz batuques com baldes e panelas e tem até bandas completas! Na minha opinião, o mais irritante são aqueles que andam com caixa de som altíssimas, entram nos trens e começam a cantar e tocar trompete. É divertido, já ouvi até o hit sucesso “Ai se eu te pego”, mas gosto de sossego durante o trajeto. Criatividade é o que não falta. Inclusive existem muitos músicos que já têm CD gravado.

Uma grande parte dos artistas são muito bons, o que logo me surpreendeu. Dentre eles, o artista que mais me impressionou foi um homem que desliza seus dedos na borda de taças de cristal com diferentes tamanhos e quantidades de água que toca grandes clássicos como Chopin e Bach. Tem um mini vídeo dele no meu instagram (link aqui). O som parecia que era de mentira, mas fiquei uns 10 minutos assistindo a apresentação e era realmente incrível! Foi o único artista, que por enquanto, mereceu meu 1 EUR. Quase comprei um CD, mas não tinha dinheiro suficiente.

Na minha opinião, fico contente que existam pessoas, que se expressam publicamente por meio da música, pois além alegra o local, a música incentiva algumas regiões do cérebro, nos influenciando positivamente, e, com isso, o artista também consegue uns troquinhos! Também contribui para a multiculturalidade da cidade maravilhosa, que é Berlim! (Para saber alguns motivos da minha paixão por Berlim clique aqui)


Tschüssie!


Quando cheguei na Alemanha, eu achava que aqui era um “paraíso”: país de primeiro mundo, um país da Europa, cujo transporte público é muito (caro, mas) eficiente etc. Então, nem tive tempo para pensar nos problemas que poderiam haver por aqui.

Entre uma e duas semanas depois da minha chegada em Berlim, logo que entrei no metrô, lembrei que normalmente no Brasil tem muitos pedintes nos ônibus e não havia visto nenhum por aqui ainda. Até cogitei a inexistência de pedintes, mas foi só eu pensar, que apareceu o primeiro. Ele segurava um copinho e falou alguma coisa (naquela época ainda não entendia direito o que eles falavam), pedindo por ajuda. A partir daí comecei a ver vários, não somente nos transportes públicos, mas também na rua: os que dizem que precisam de dinheiro para comprar remédios caros de sua doença ou de algum parentesco próximo; os sinceros que pedem dinheiro para beber (e para drogas); as mulheres refugiadas que, sozinhas ou acompanhadas por crianças, ficam sentadas implorando por uma esmola; estrangeiros (que eu acredito de terem falhado por aqui) que ficam sentados atrás de uma plaquinha escritas em inglês ou em alemão e assim sucessivamente. Também tem os músicos de rua, mas contarei com mais detalhes na postagem da semana que vem. Então fui conhecendo melhor a cidade e percebi que debaixo dos viadutos tem sempre alguém que se aloja por lá, ou seja, que mesmo Berlim, existem moradores de rua (em alemão, Obdachlose).

Eu não sei o motivo de eles morarem nas ruas, pois ou pode ser por motivos familiares (desentendimento, revolta, abandono, drogas), pode ser por motivos pessoais (de querer se arriscar, descobrir seus limites) ou por motivos externos (falta de dinheiro), por exemplo. Entretanto, eu sei que aqui na Alemanha existem auxílios aos cidadãos para diminuir a quantidade de moradores de rua. Esse auxílio consiste em uma bolsa do governo, que é suficiente para pagar o aluguel de um lugar simples e se alimentar durante o mês, para que durante esse tempo, a pessoa possa procurar um emprego. Não quero julgar nenhum morador de rua, mas eu acredito que eles acabam se conformando com sua situação de vida e não fazem nada para mudar. Eu, particularmente, me recuso a dar dinheiro (tanto no Brasil como aqui na Alemanha), pois eles podem fazer qualquer coisa com o dinheiro (ex: bebidas e drogas), mas sempre que tenho, dou alguma comidinha (biscoito, fruta, barra de cereal), que é o que uma pessoa necessitada realmente precisa.

Nos meus pensamentos, quem luta pela sobrevivência, faz alguma coisa: já vi muitas pessoas, que carregam sacolas de mercado, mochila ou até carrinhos de mercado e passam o dia inteiro coletando Pfand (para saber o quê é, clique aqui!) nas lixeiras dos metrôs, nas ruas, entrada de baladas, shows e diversos eventos (esportivo, musical, cultural). Com isso, não se consegue muito dinheiro, mas acredito que é o suficiente para comprar alimento necessário para passar o dia ou, simplesmente, pegar o dinheiro.

Mesmo com uma política desenvolvida, é uma pena que ainda existam pessoas que morem na rua. Entretanto, comparativamente, a quantidade de moradores de rua existentes aqui é bem menor que no Brasil, apesar da grande demanda de refugiados.

Bis nächste Woche!

Liebe Grüße aus Berlin!


Olá! Hoje vou continuar a contar coisas que fiz ou percebi quando cheguei aqui em Berlim. Hoje, vou falar sobre uma atitude que funciona muito bem aqui na Alemanha e seria muito bom se no Brasil e no mundo inteiro também funcionasse: coleta seletiva de lixos. Aqui essa atitude é levada a sério e é autossustentável, uma vez que os lixos orgânicos gerados são tratados para gerar energia, que movem os caminhões de coleta de lixo.

Para que isso funcione, todos os conjuntos de apartamentos / prédios têm uma cantinho no pátio com lixeiras de várias cores: preto para lixo comum (inclusive orgânico), azul para papéis ou papelões, amarelo ou laranja para embalagens comuns (plásticos, caixa de suco e leite*, latas) e verde para vidros. Chamei atenção para caixas de leite e sucos, pois apesar de serem feitos de papel, eles são destinados nessa categoria, pois internamente essas embalagens possuem uma camada de outro papel, que segue outros procedimentos para reciclagem. Na lixeira amarela também tem discriminado o que se pode e não se pode jogar. No caso do papel higiênico, joga-se na lixeira; já ouvi dizer que se há separação errada, pode-se levar multa.

No começo, no primeiro apartamento, não havia separação dos lixos. Então, conversei com as meninas e elas concordaram. As embalagens que seriam recicladas eram separadas do normal e sempre que alguém lembrava de levar para as lixeiras, levava. O bom é que todas colaboraram.

Quando me mudei, o apartamento era uma zona, li-te-ral-men-te! Uma bagunça sem fim e lixeira fedida sem tampa, que acumulava moscas em sua volta. Compramos uma nova lixeira com tampa e as antigas lixeiras (sem tampa) se transformaram em lixeiras para lixos recicláveis, pois são embalagens limpas (pelo menos devem ser). Agora, todas do novo apartamento também ajudam, mas apesar de morarmos no andar térreo, é uma luta para ver quem joga. Normalmente sou eu quem jogo (normalmente = 99,9 % das vezes), mas às vezes, deixo acumulando para ver quem faz o favor de jogar.

Nas ruas, não se veem muitas garrafinhas de vidro ou plástico e latinhas de bebidas nas ruas. Isso se deve ao fato, de que na hora da compra se paga por essas embalagens (não todas!), ou seja, quando a embalagem participa desse sistema, o valor do produto indicado é somente do produto, pois a embalagem é “cobrada à parte”, que depois pode ser reembolsada: quando levamos essas embalagens a qualquer mercado, existem máquinas que as recebem e converte as embalagens em um cupom para desconto na sua compra, correspondente ao valor pago por essas embalagens na hora de sua compra (ou simplesmente para pegar o dinheiro). Isso se chama Pfand e o “custo” das embalagens são: garrafas de plástico e latinhas com símbolo de Pfand são 0,25 EUR e as garrafas de vidro são 0,08 EUR.

Acredito que essa pequena ação em nossos dias ajuda (mesmo que seja um pouquinho) com a sustentabilidade ambiental, facilitando a reciclagem de papéis, plásticos e vidros e o sistema adotado pela Alemanha é bem inteligente, pois uma coisa que (não somente) os alemães não gostam é de perder dinheiro.


Semana que vem tem mais!
Bis bald!


A partir dessa semana (por algumas semaninhas), darei uma volta no tempo, para contar algumas coisas que vi, percebi e vivenciei logo que cheguei na Alemanha. Hoje, o assunto da vez é a água, substância abundante no corpo humano e crucial para a perpetuação da vida humana.

Aqui na Alemanha, a água canalizada é própria para o consumo humano, pois o saneamento é adequado e a água é rica em cálcio, ou seja, pode-se, sem preocupações, consumir água da torneira para cozinhar e até mesmo para beber.

MAS, quando eu bebi a água da torneira pela primeira vez, foi muito ruim, pois cálcio é um metal alcalino, ou seja, tem uma característica de um básico: adstringência, ou seja, aquela sensação que “amarra” a boca e não era só isso, eu tinha uma leve sensação de ter uma “geleca” na minha boca. Então, no começo, ou fazia chá (bebia a água somente depois de ferver), ou enchia a garrafinha na escola de alemão que tinha um filtro, ou comprava bebidas, como suco, chá gelado, cerveja (é claro) e água. Mas se já não bastasse isso, aqui na Alemanha se bebe muito água com gás e acabei comprando um engradado de garrafas de 2 L de água com gás por engano, que foi naquela compra de mais de 50 euros (para quem não leu ou não se lembra, clique aqui!). ¬¬

Eu só fui me acostumar a beber água torneiral porque quando saía com amigos e acabava minha água, eu enchi uma vez na torneira de um banheiro e não achei o gosto mais estranho. Mas isso também se deve à minha amiga, que sempre me disse que ela sempre enche sua garrafinha no banheiro da universidade e só bebe água da torneira em casa. A partir daí, comecei a beber água da torneira e sinto gostos e texturas estranhas, de águas de outros países.

Outra curiosidade sobre essa água é que ela é tanto benéfico como prejudicial: ajuda na limpeza da pele, mas se em contato excessivo com a água (vinculado ao uso de produtos químicos como sabonete, shampoo etc), destroi a camada protetora da pele, ressecando-a. Isso é um dos motivos de alguns alemães não tomarem banho todos os dias (mas não é por isso que são fedidos e mal cuidados – alguns sim).

Em relação ao cabelo, pelo fato da água ser cheia de sais (inclusive de cálcio), resseca muito, muito o cabelo! Foi por isso que também me levou ao fato de comprar um condicionador barato (só que não) de 14 euros. (Para que não leu ou não se lembra, clique aqui)

Seus efeitos não param por aí: sempre que eu usava roupas lavadas, percebi que elas estavam um pouco mais apertadas. Até pensava na hipótese de eu ter engordado um pouco. Poderia até ser (um pouquinho), mas com essa água elas encolhem sim. O problema é quando eu lavo aquela calça jeans que já é apertada naturalmente e visto-a quando lavada. Mas enfim...

Semana que vem tem mais!

Bis nächste Woche! Tschüss!