Quando cheguei na Alemanha, eu
achava que aqui era um “paraíso”: país de primeiro mundo, um país da Europa, cujo
transporte público é muito (caro, mas) eficiente etc. Então, nem tive
tempo para pensar nos problemas que poderiam haver por aqui.
Entre uma e duas semanas depois da
minha chegada em Berlim, logo que entrei no metrô, lembrei que normalmente no
Brasil tem muitos pedintes nos ônibus e não havia visto nenhum por aqui ainda.
Até cogitei a inexistência de pedintes, mas foi só eu pensar, que apareceu o
primeiro. Ele segurava um copinho e falou alguma coisa (naquela época ainda não
entendia direito o que eles falavam), pedindo por ajuda. A partir daí comecei a
ver vários, não somente nos transportes públicos, mas também na rua: os que
dizem que precisam de dinheiro para comprar remédios caros de sua doença ou de
algum parentesco próximo; os sinceros que pedem dinheiro para beber (e para
drogas); as mulheres refugiadas que, sozinhas ou acompanhadas por crianças, ficam
sentadas implorando por uma esmola; estrangeiros (que eu acredito de terem
falhado por aqui) que ficam sentados atrás de uma plaquinha escritas em inglês
ou em alemão e assim sucessivamente. Também tem os músicos de rua, mas contarei
com mais detalhes na postagem da semana que vem. Então fui conhecendo melhor a
cidade e percebi que debaixo dos viadutos tem sempre alguém que se aloja por lá,
ou seja, que mesmo Berlim, existem moradores de rua (em alemão, Obdachlose).
Eu não sei o motivo de eles morarem
nas ruas, pois ou pode ser por motivos familiares (desentendimento, revolta, abandono,
drogas), pode ser por motivos pessoais (de querer se arriscar, descobrir seus
limites) ou por motivos externos (falta de dinheiro), por exemplo. Entretanto,
eu sei que aqui na Alemanha existem auxílios aos cidadãos para diminuir a
quantidade de moradores de rua. Esse auxílio consiste em uma bolsa do governo,
que é suficiente para pagar o aluguel de um lugar simples e se alimentar
durante o mês, para que durante esse tempo, a pessoa possa procurar um emprego.
Não quero julgar nenhum morador de rua, mas eu acredito que eles acabam se
conformando com sua situação de vida e não fazem nada para mudar. Eu,
particularmente, me recuso a dar dinheiro (tanto no Brasil como aqui na
Alemanha), pois eles podem fazer qualquer coisa com o dinheiro (ex: bebidas e
drogas), mas sempre que tenho, dou alguma comidinha (biscoito, fruta, barra de
cereal), que é o que uma pessoa necessitada realmente precisa.
Nos meus pensamentos, quem luta pela
sobrevivência, faz alguma coisa: já vi muitas pessoas, que carregam sacolas de
mercado, mochila ou até carrinhos de mercado e passam o dia inteiro coletando Pfand (para saber o quê é, clique aqui!) nas lixeiras dos metrôs, nas ruas, entrada de baladas, shows e diversos
eventos (esportivo, musical, cultural). Com isso, não se consegue muito
dinheiro, mas acredito que é o suficiente para comprar alimento necessário para
passar o dia ou, simplesmente, pegar o dinheiro.
Mesmo com uma política desenvolvida,
é uma pena que ainda existam pessoas que morem na rua. Entretanto, comparativamente,
a quantidade de moradores de rua existentes aqui é bem menor que no Brasil,
apesar da grande demanda de refugiados.
Bis nächste Woche!
Liebe Grüße aus Berlin!