Ano passado, quando cheguei na Alemanha, era pleno verão com parques cheios de vida: árvores, muito verde, pessoas caminhando, correndo, jogando bola, fazendo piquenique, e também muitas pessoas andando de bicicleta e agora, com a chegada da tão esperada primavera, muitos ciclistas retomaram suas atividades. Ao contrário do Brasil (infelizmente), por aqui a cidade é cheia de ciclovias ou na lateral da pista que os automóveis ou na calçada, sinalizada por uma faixa, ou na calçada, na qual a faixa possui uma cor diferente. Muitas pessoas se aderem a locomoverem de bicicleta pela grande mobilidade e praticidade, substituindo automóveis, e também por questões econômicas, pois um ticket mensal (de transporte público) custa 81 EUR e uma bicicleta "popular" custa o equivalente a mais ou menos um ano de transporte público: a bicicleta exige manutenção, mas, em comparação, a partir do segundo ano de uso já sai de "graça" (e também por preguiça).

Antes de vir para cá, até pensei em comprar uma bicicleta usada, pois seria uma forma de ser independente de transporte público e também se exercitar. Todavia, o tempo que eu ficaria aqui seria muito curto, sendo que pelo menos um quarto do período não seria possível utilizar a bicicleta devido à neve, que torna a pista escorregadia e também pelo tempo geladíssimo. E o outro motivo de eu ter desistido de comprar uma bicicleta é que todo estudante paga, obrigatoriamente, uma taxa à universidade referente ao uso das salas de aula (inclusive laboratório e seus equipamentos) e também um valor referente ao transporte público, que é muito mais barato do que comprar direto na máquina.

E também ouvi muito, que se deve tomar cuidado com suas bicicletas, pois é muito comum o furto de peças das bicicletas. Por isso, já vi muitas pessoas retirarem seus assentos ao estacionarem e prenderem a bicicleta. Todos os dias que vou para a universidade, especificamente para o prédio de química técnina (TC Gebäude), sempre passo pelo mesmo caminho e sempre atravesso no mesmo semáforo. Até que um dia, reparei que tinha uma ex-bicicleta, pois as principais partes já tinham sido roubadas. Isso é um caso extremo, mas faz tempo que o antigo dono a abandonou. Logo depois, encontrei outra bicicleta, que estava em um estado um pouco melhor.  

Ser um ciclista tem direitos e deveres, quase como um condutor de automóveis, como respeitar os semáforos, sinalizar com o braço quando for mudar de direção, dar preferência para pedestres etc. Mas um ponto negativo para os pedestres é que deve-se atentar tanto para a faixa de carros como de ciclistas, pois normalmente quando se atravessa a rua, presta-se atenção na faixa de carros, mas quando se chega na calçada, encontra-se a ciclovia, na qual se tiver bicicletas passando, deve-se esperar para poder atravessá-la seguramente.

Como devem ter percebido, não é andando de bicicleta que me exercito. Então, semana que vem irei contar sobre como tenho me exercitado aqui na alemanha!

Até a semana que vem!
Bis nächste Woche!


Olá! Como muitos sabem, um dos meus Hobbys é fotografar. Então, criei um novo perfil no Instagram (@RightISO) somente para esse fim: mostrar fotografias das viagens que fiz ou de coisas do dia-a-dia sob o meu ponto de vista!


Na barra lateral sempre haverá uma mini apresentação das fotos postadas mais recentes. 

Se tiverem alguma crítica e/ou sugestões para próximas fotos, aceitarei-as com maior prazer. 

Então, cliquem aqui e confiram o meu perfil do Instagram, sigam, curtam e compartilhem!


Hoje recomeçam as aulas na universidade (sim, só agora!) e gostaria de relatar como foi o meu primeiro semestre na universidade alemã: WiSe 2015/16 – Winter Semester (semestre de inverno). Obviamente, as diferenças são inúmeras e vou relatar os pontos positivos e negativos. Só para deixar bem claro, que nada saiu como planejado!

Ainda não posso dizer como foi o meu rendimento acadêmico do semestre de inverno, pois ainda não fiz todas as provas (inclusive, tenho uma prova hoje!), mas das 4 matérias que eu fiz, 1 eu passei e já conclui, a outra faltam as devolutivas dos relatórios das aulas práticas de laboratório (mas eu já passei na prova da matéria, uhuul!), vou fazer uma prova hoje e a outra matéria ainda falta fazer o relatório e a devolutiva (“prova oral”). Quando eu obtiver o resultado final, eu compartilharei em uma postagem!

Antes de vir para a Alemanha, eu já tinha pesquisado mais ou menos o que eu gostaria de estudar aqui. Mas tudo mudou, quando fiz a primeira reunião com o meu professor orientador: ele me perguntou “O que você quer aprender aqui?” e eu respondi, citando o nome das matérias que eu gostaria de cursar e ele retrucou “Não quero nome de matérias, mas qual o seu interesse?”. Sem saber o que responder, citei que eu tinha interesse na área de tratamento de água, que é um dos projetos que ele coordena. Essa conversa não durou muito, pois eu e meu colega estávamos um pouco perdidos. Então, voltamos no outro dia com uma resposta um pouco mais concreta. Mostrei-o as matérias oferecidas no semestre que eu tinha interesse e ele me mostrou quais seriam interessantes e qual não valiam à pena. Ficaram 5 matérias para que eu escolhesse somente 3. As duas matérias que descartei foram: Bioquímica, que era interessante, mas não tinha nada a agregar decisivamente para a minha formação acadêmica e a outra era transferência de água no solo. Realmente, não entendi nada, pois não tem nada a ver com a engenharia química, mas sim geologia. Por fim, a minha grade ficou com Technische Katalyse (Catálise técnica), Grundlage der Technischen Chemie I – Reaktionstechnik (Introdução à Química Técnica – Engenharia de Reações) e Mehrphasenreaktionen (Reações em mais de uma fase).

A escolha das matérias foi um pouco difícil, pois trata-se de um intercâmbio acadêmico, e o aluno intercambista é livre de escolher o que estudar, seja o que lhe interessa, seja o que seja diferente, ou seja o que já estudou, para aprender palavras técnicas e vocabulário em alemão. Sem perceber, acabei escolhendo matérias que se complementam, com ênfase em catalisadores. Alguns temas foram de fácil compreensão, pois foram abordadas nas três matérias, mas também não quer dizer que foi fácil.

A única matéria concluída, até agora, é Mehrphasenreaktionen, na qual estudei vários métodos de reações que envolvem mais de uma fase. Foi uma matéria de mestrado. A Technische Chemie I tinha Vorlesung (aulas teóricas), Seminar (aplicação da teoria, seja com exemplos ou exercícios) e Praktikum (aulas práticas de laboratório). O interessante é que para fazer aulas práticas de laboratório, os alunos devem fazer uma prova e atingir 50 %. Eu consegui passar nessa prova e fiz as aulas práticas. Cada aula prática (total 6) tinha scrip com fundamentos teóricos que deveriam ser, literalmente, devorados e cada aluno tinha que ser capaz de responder às perguntas dos assistentes, quanto ao experimento e à teoria no começo da aula (Vorsprache). Se alguém não soubesse (que no caso era sempre eu), eles falavam diretamente “Você não leu o script? Sabia que você tem que saber tudo o que está escrito nele?”. Foi um pouco traumatizante, mas sobrevivi. No final de cada aula, tive que escrever um relatório da prática do dia. E a terceira etapa (a qual estou terminando) são as devolutivas (Rücksprache), na qual são discutidos os experimentos e seus resultados.  Ao escrever os relatórios, aprendi que em alemão deve-se escrever tudo diretamente e não importa se se repetem palavras (ao contrário de um relatório em português). E a terceira matéria, Technische Katalyse, a prova ficou tão tarde, pois comentei com o professor que estava com dificuldades na matéria e precisava de um pouco mais tempo para estudar. Ele me sugeriu fazer um teste oral e só vai dar para fazer hoje, ou seja, férias estudando.

Ao terminar o período sem aulas, fiz mais uma matéria. Ela se chama Prozesssimulation I (Simulação de processos 1 – sim, com 3 “S”!) e é um curso de blocos, como se fosse um curso intensivo de 2 semanas: a primeira semana com aulas e resolução de exercícios e na segunda semana com a continuação da resolução de exercícios e retirada de dúvidas para o relatório. Ainda não terminei o relatório, mas essa matéria não tem prazo para o término, o que me permite levar o tempo necessário para terminá-lo (até antes de voltar para o Brasil). A universidade também oferece vários cursos em blocos durante o semestre, que normalmente são 3 ou 4 dias inteiros ou 6 meio-períodos de aulas.

Um ponto negativo (ou pelo menos, não estava acostumada) é que só tem uma prova no final do semestre e as provas são imensas, normalmente entre 5 a 7 páginas e é tudo muito “decoreba”, pois o intuito deles é ver quanto o aluno aprendeu sobre a matéria. Achei um pouco brutal a prova ser muito exausitva e as aulas práticas um pouco “brutais”, mas não posso reclamar muito, pois é através desse método de ensino que um país como a Alemanha forma engenheiros de excelência e renome.

Para ser aprovado na matéria, é necessário apenas 50 % e a sua nota é convertida para um sistema de notas alemão, que vai de 1 (melhor) a 5 (pior = reprovado com < 50 %). A divisão é: 1,0 – 1,3 – 1,7 – 2,0 – 2,3 – 2,7 – 3,0 – 3,3 – 3,7 – 4,0 – 5,0. Não tem como saber qual foi a porcentagem de acerto, pois cada matéria / professor tem uma divisão própria. Nesse caso, o importante é só não tirar 5,0, pois em alguns cursos o importante é a prova aplicada pelo Estado, que habilita o aluno de continuar a formação universitária.

As férias daqui não são como no Brasil, na qual as matérias são concluídas antes do início das férias, mas sim um “período sem aulas”: dependendo da prova é marcada durante as férias e uma das minhas devolutivas aconteceram nesse período sem aulas. E como eu ainda tenho prova do semestre passado, passei as férias estudando. A maior parte “tentando estudar”, mas espero que tudo o que eu aprendi seja útil não somente na prova, mas para o projeto que participarei durante o semestre.

Para o semestre de verão, as minhas matérias terão o foco “polímeros”. Ainda não sei muito de quais aspectos se tratam, mas espero terminar o pouco do que me resta do meu intercâmbio expert em catalisadores e polímeros!

Bis nächste Woche!


Quem me conhece, sabe que sempre fui muito envolvida com a música e uma semana antes de partir para a Alemanha, fiz minha formaura de piano, com apresentação solo e tudo. Mas, infelizmente, piano é um instrumento ingrato, pois o treino de anos se perde em alguns meses. Muitos devem me perguntar se ainda estou tocando piano. Como o intuito deste intercâmbio foi para minha formação acadêmica (e não desenvolvimento de um hobby), deixei o piano em segundo plano e, assim, perdi muita técnica, resistência e agilidade que havia conquistado até aquele momento, mas não tudo!

Quando cheguei na Alemanha, uma semana depois que comecei a estudar alemão, descobri que a escola tinha um piano. Como no momento só tinha o curso de alemão para me preocupar, passava uma vez por semana algumas horas tocando músicas que sabia decor (pois não tinha partituras comigo) e também pesquisei na internet algumas possíveis músicas para aprender. Comecei a tirar “Maple Leaf Rag”, de Scott Joplin. Clique aqui para ver uma prévia de como ficou essa música. Pessoalmente, ainda quero tirar bem essa música e eu vou (mas ainda não sei quando!).

Acabou o curso de alemão e fiquei novamente sem lugar para treinar piano. Até cogitei em comprar um teclado usado, mas pensei que se eu comprasse, ou eu o usaria demais ou não o usaria e, antes de voltar ao Brasil, teria que me preocupar em vendê-lo. Então, comprei um Rollup Keyboard, que é um tecladinho de borracha que é portátil, pois pode-se enrolar e levar para qualquer lugar. Mas este produto não me agradou muito: às vezes o som da tecla pressionada não sai; somente é possível tocar três teclas por vez; para garantir que o som saia, é necessário pressionar as teclas fortes. Ou seja, é um brinquedo e não tem como tocar piano (ou teclado, que seja) de verdade.

E, praticamente, desde que cheguei aqui, conheci uma senhora, que ao saber que eu tocava piano, me convidou para ir em sua casa, pois ela tinha um piano de caudas em sua casa e gostaria muito de tocar comigo. Demorei para conseguir ir pela primeira vez, mas quando consegui, fiquei muito feliz e já aprendi muito. Eu, desde que comecei a tocar piano, sempre iniciei leituras de peças primento somente com a mão direita e depois, esquerda e para dominá-la, preciso treinar muitas vezes e até acabo memorizando-a. E ela, ao contrário de mim, é uma pessoa que, sem nunca ter executado a música, consegue ler uma partitura já na primeira, mas também tem dificuldade em memorizá-la. Toquei ja várias músicas com ela, tentando tocar com partituras “à primeira vista”. Na primeira vez foi um desastre, mas percebo que melhoro gradativamente. E além disso, tenho a oportunidade de tocar peças de seu imenso acervo, deixado por seu pai.

Não sei se somente acontece comigo, mas acredito que seja um sentimento geral de todos os pianistas: ver um piano e não poder tocá-lo. Nos museus, principalmente, na qual normalmente tem-se a placa “Por favor, não toque”. Isso me instiga a querer tocá-lo mais e mais! Entretanto, encontrei (somente) três oportunidades que pude tocar um pouco ao público: na casa de um colega, no aeroporto de Paris (para ver um minivídeo, clique aqui) e na loja de música. As pessoas, normalmente, não sabem qual é a alegria de um pianista (sem piano, temporariamente) ao tocar um piano!


Até a semana que vem!


Domingo é o dia que dá início à semana, com o “dia de sol” (Sonntag - domingo) que vem após da “noite de sol” (Sonnabend – sábado) e não é à toa que a tradução literal de quarta-feira Mittwoch em alemão é “metade da semana” (dom seg ter QUA qui sex sab/Sonntag Montag Dienstag MITTWOCH Donnerstag Freitag Sonnabend). Aqui na Alemanha, os alemães costumam trabalhar de segunda a sábado e aos domingos, descanso.

Logo que cheguei na Alemanha, minha amiga me disse que eu deveria fazer compra de alimentos no sábado, caso precisasse de algo para domingo, pois os mercados não abrem aos domingos. Mas percebi que não são somente os mercados, mas shopping centers e lojas (não todas, mas uma grande maioria). Quando comentei com a minha tia, ela disse “não dá nem pra dar uma voltinha no mercado”, pois no Brasil é o que costumamos fazer. Quando realmente necessitamos de alguma coisa por emergência, existem os Spätikauf (com tradução literal de “compra atrasada”), que são pequenas mercearias. Contudo, não é por isso que a cidade pára.


Uma excelente maneira de começar domingo é tomar um Brunch (refeição com alimentos tanto de café da manhã como de almoço). Em Berlim existem Brunchs de todos os jeitos e também de todos os preços. De tarde, faça chuva, faça sol, faça neve, em todos os domingos ir ao mercado das pulgas (Flohmarkt) no Mauerpark, que são feirinhas de objetos novos/usados e também de comida. Também neste mesmo parque, tem o karaoke a céu aberto (que não acontecem em dias de chuva e durante o inverno), vários artistas de rua como mágicos, músicos e dançarinos. As atrações turísticas também ficam abertas aos domingos, como Fernsehturm (Torre de televisão), museus e castelos.

Aos domingos durante o verão, também é muito normal ver pessoas no parque para tomar sol, fazer um piquenique, conversar com os amigos nos parques. Resumindo: domingo é um ótimo dia para descansar e revigorar as energias para a vinda da próxima semana.


Boa semana a todos! J