Quem me conhece, sabe que sempre fui muito envolvida com a música e uma semana antes de partir para a Alemanha, fiz minha formaura de piano, com apresentação solo e tudo. Mas, infelizmente, piano é um instrumento ingrato, pois o treino de anos se perde em alguns meses. Muitos devem me perguntar se ainda estou tocando piano. Como o intuito deste intercâmbio foi para minha formação acadêmica (e não desenvolvimento de um hobby), deixei o piano em segundo plano e, assim, perdi muita técnica, resistência e agilidade que havia conquistado até aquele momento, mas não tudo!

Quando cheguei na Alemanha, uma semana depois que comecei a estudar alemão, descobri que a escola tinha um piano. Como no momento só tinha o curso de alemão para me preocupar, passava uma vez por semana algumas horas tocando músicas que sabia decor (pois não tinha partituras comigo) e também pesquisei na internet algumas possíveis músicas para aprender. Comecei a tirar “Maple Leaf Rag”, de Scott Joplin. Clique aqui para ver uma prévia de como ficou essa música. Pessoalmente, ainda quero tirar bem essa música e eu vou (mas ainda não sei quando!).

Acabou o curso de alemão e fiquei novamente sem lugar para treinar piano. Até cogitei em comprar um teclado usado, mas pensei que se eu comprasse, ou eu o usaria demais ou não o usaria e, antes de voltar ao Brasil, teria que me preocupar em vendê-lo. Então, comprei um Rollup Keyboard, que é um tecladinho de borracha que é portátil, pois pode-se enrolar e levar para qualquer lugar. Mas este produto não me agradou muito: às vezes o som da tecla pressionada não sai; somente é possível tocar três teclas por vez; para garantir que o som saia, é necessário pressionar as teclas fortes. Ou seja, é um brinquedo e não tem como tocar piano (ou teclado, que seja) de verdade.

E, praticamente, desde que cheguei aqui, conheci uma senhora, que ao saber que eu tocava piano, me convidou para ir em sua casa, pois ela tinha um piano de caudas em sua casa e gostaria muito de tocar comigo. Demorei para conseguir ir pela primeira vez, mas quando consegui, fiquei muito feliz e já aprendi muito. Eu, desde que comecei a tocar piano, sempre iniciei leituras de peças primento somente com a mão direita e depois, esquerda e para dominá-la, preciso treinar muitas vezes e até acabo memorizando-a. E ela, ao contrário de mim, é uma pessoa que, sem nunca ter executado a música, consegue ler uma partitura já na primeira, mas também tem dificuldade em memorizá-la. Toquei ja várias músicas com ela, tentando tocar com partituras “à primeira vista”. Na primeira vez foi um desastre, mas percebo que melhoro gradativamente. E além disso, tenho a oportunidade de tocar peças de seu imenso acervo, deixado por seu pai.

Não sei se somente acontece comigo, mas acredito que seja um sentimento geral de todos os pianistas: ver um piano e não poder tocá-lo. Nos museus, principalmente, na qual normalmente tem-se a placa “Por favor, não toque”. Isso me instiga a querer tocá-lo mais e mais! Entretanto, encontrei (somente) três oportunidades que pude tocar um pouco ao público: na casa de um colega, no aeroporto de Paris (para ver um minivídeo, clique aqui) e na loja de música. As pessoas, normalmente, não sabem qual é a alegria de um pianista (sem piano, temporariamente) ao tocar um piano!


Até a semana que vem!


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