Olá! Na semana passada contei um
pouco da minha trajetória esportiva e hoje vou contar sobre como são as aulas
de Kung Fu. Sempre quis praticar um esporte de luta, mas nunca tive tempo ou
dinheiro. Aqui na Alemanha, nenhum dos dois foram um problema, pois as aulas são
apenas uma vez por semana (1,5 h) e como está atrelado à universidade,
estudantes pagam apenas 22 EUR (mais ou menos o equivalente a 90 reais pelo
semestre – muito barato!) durante o semestre letivo. E se quiser continuar
fazendo durante as férias, também tem e custa 12 EUR.
Até eu chegar na escolha de Kung Fu,
demorei um pouco. As condições eram desenvolver a habilidade de defesa pessoal e
não machucar a mão (pois sou pianista). No Brasil, uma amiga pratica Taekwondo
e gosta muito e a minha vó começou a praticá-lo também e aqui na Alemanha
conheci uma dupla de irmãos que praticam, desde pequeno, também Taekwondo e ele
fez uma pequena apresentação. Fiquei encantada! Inclusive foram a eles que pedi
sugestão de qual luta iniciar. Boxe e Jiu Jitsu estavam fora de questão, pois
se utiliza muito as mãos. A decisão ficou por conta do melhor horário para a prática,
o qual não teve nenhum conflito de horário: sexta-feira, das 17:30 às 19:00.
O Kung Fu é um esporte originário da
China e o que pratico é do segmento “Hung Gar”, que veio do sul do país há mais
de 300 anos, mas sempre continua a se desenvolver. Ele trabalha com poderosas técnicas
baseados nos “cinco elementos” e “cinco animais” e também com exercícios de
respiração e de controle da energia. As
aulas são dividas em três partes: a primeira consiste em aquecimento, na qual
se corre e realiza exercícios. Depois, também se faz flexões de braço e
abdominais. A característica requerida e desenvolvida nesta parte é a resistência;
na segunda parte, treinam-se técnicas de ataque e defesa; e na última, há o
treino de fórmulas, que são conjuntos de ataques e defesas, muitas vezes
mostradas em apresentações artísticas de Kung Fu. Por exemplo, neste primeiro
semestre, aprendi a fórmula “Lau ga kuen”.
Já faz um semestre que eu o pratico
e não me arrependo de jeito nenhum, apesar de no começo eu quase morrer de
cansaço e de tanto suar. E também durante o inverno, era a única prática
esportiva que fazia, pois com o frio, não se tem vontade (nem condições) de
sair de casa para caminhar nem para fazer uma corridinha básica. Nas primeiras
aulas, eu mal conseguia correr, mas decidi que desaceleraria na corrida de
aquecimento, com a condição de não parar por nenhum momento e, gradativamente,
percebi que no final estou cada vez menos cansada. Inclusive, a primeira aula
depois que iniciei a utilizar o “Seven” (se você não sabe o que é, clique aqui),
percebi uma grande diferença (positiva) na minha resistência ao fazer
abdominais e flexões (ou apenas ficar na posição). Na segunda parte da aula, é
supernormal acordar no dia seguinte e ver o seu braço todo roxo, cheio de
hematomas, mas em compensação, o meu reflexo está muito mais rápido. A terceira parte da aula é a minha favorita, pois além dos
movimentos em si, exercita-se a memória dos movimentos. Uma vez que se memoriza
a fórmula completa, é necessário executá-la com firmeza e a força.
Lembro que na minha primeira aula de
Kung Fu, saí com o corpo inteiro dolorido e passei a semana seguinte inteira
sentindo dores nas pernas. Hoje, nem sinto mais, estou acostumadíssima! Agora é
que se encontra a parte mais difícil do treinamento: continuidade. Quanto eu
voltar ao Brasil, provavelmente não continuarei, pois acredito que não haja
muitas academias de Kung Fu na cidade, não sei se são caras as aulas e os horários
não devem ser muito bons, pois a maioria desse tipo de aula são de noite (e eu
estudo de noite!).
Um dos maiores aprendizados do Kung
Fu é que para executar ataques com força, não é necessário aplicar muita força,
mas sim utilizar todo o corpo (com movimentos certos) para gerar um ataque
poderoso sem muito esforço.
Até a semana que vem, com uma
postagem sobre a minha primeira dieta!