Como muitas pessoas sabem, nasci no Japão e estudei lá até a primeira série do ensino fundamental na escola japonesa. Então, eu sabia ler, escrever e falar em japonês. Mas quando me mudei ao Brasil, aos poucos, fui deixando de utilizar o idioma e fui esquecendo-o. Em casa, falamos japonês todos os dias, mas somente expressões do dia-a-dia como “Bom dia”, “Boa noite”, “Obrigada”. Entre os irmãos eu fui a única, que de certa forma, menos esqueceu o japonês (ou que não esqueceu), pois ainda escrevia e lia cartas que trocava com amigos que moram no Japão.  No Brasil ou não tinha tempo ou dinheiro para estudar japonês. Chego na Alemanha e veja só o que acontece: decido fazer um curso de japonês.

De jeito algum isso quis dizer que estava com muito tempo de sobra nem dinheiro de sobra, mas a universidade oferece cursos de idiomas para estudantes com preços bem mais em conta que em escolas privadas de línguas. Para a inscrição ao curso, primeiramente fui fazer o teste de nivelamento. O teste era oral e o avaliador me pediu para falar um pouco sobre mim e ler algumas frases, assim como conjugar alguns verbos. Fui matriculada em um grupo A2.3, de acordo com o quadro europeu comum de referência para línguas, para a minha surpresa, quase uma usuária independente!

Fui para a primeira aula e foi divertido, pois eu entendia tudo o que o professor e os colegas diziam (fora algumas palavras, que eu havia esquecido ou não sabia) mas tive uma dificuldade enorme de ler e escrever kanji, que são os caracteres com um monte de “risquinhos”. E também foi engraçado ver que todos os colegas são alemães e falam e escrevem melhor que eu. Em contrapartida, eu sabia muitas palavras corriqueiras do dia-a-dia (pelas lembranças) e também percebi que eu deveria estudar muito para poder me equivaler a eles. Também foi um pouco bizarro ter as aulas de japonês, pois nunca havia estudado a gramática japonesa. Por exemplo, eu conjugava os verbos da maneira que eu lembrava e me soava bem. Mas com o passar do tempo, fui aprendendo bastante (, bastante mesmo!) e além de aprender e praticar o japonês, também aprendi alemão junto, uma vez que as aulas eram ministradas em alemão.


Ninguém, quiçá eu, imaginava estudar japonês na Alemanha. Digo que foi uma experiência muito boa, pois pude ao mesmo tempo relembrar e aprender, o que tornou essa experiência nostálgica e divertida. 


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