Olá! Hoje vou finalizar a série “Diário em Berlim”, pois já estou de volta e, acredito eu, já readaptada.

Gostaria de compartilhar um pouco sobre a minha readaptação e choques culturais que tive no retorno, mas, primeiramente, gostaria de falar como foi a viagem.

A viagem de volta, foi supertranquila: dormi quase a viagem inteira, pois tive uma prova dois dias antes (e não foi por isso que deixei de aproveitar o tempo!) e, depois disso, ainda tive que fechar as minhas malas e começar as despedidas. O meu voo foi às 6 h da manhã, então, nem dormi, pois se eu dormisse, teria que madrugar. Então, fui a um bar com amigos e, dali, fui direto ao aeroporto.  Infelizmente, tive que pagar excesso de bagagem. Eu acho que eu poderia até não pagar, mas eu estava tão grogue de sono, que não estava com vontade de pensar e me submeti a pagar. No avião tive a melhor refeição a bordo: bacalhoada! Era uma torta de bacalhau com batata e muito queijo, muito deliciosa! E, quando cheguei em casa, fui recebida com churrasquinho, muito bom!

A sensação que tive, ao rever os familiares, foi muito boa, mas ao mesmo tempo, muito estranha, pois no início do dia estava em Berlim e no final do dia, depois de passar o dia inteiro no avião, em Curitiba, em casa. Também estava com vontade zero de voltar, pois, finalmente, tinha finalizado todas as matérias cursadas na universidade alemã, lá era verão e uma época muito boa de ir ao lago banhar-se, festar, ir ao parque etc; morria de inveja dos amigos que ainda ficaram lá, me enviando fotos e Snaps.

Enfim, o fim do intercâmbio chegou, estou de volta em casa, e bora voltar à realidade. Sorte minha, que nem tive muito o que pensar, pois as aulas da faculdade já tinham recomeçado e, não tive férias. Acho que isso foi bom, pois dessa forma, teria menos tempo para ficar “deprê”.

E em relação aos fusos horários, eu tive um forte Jet lag (um cansaço físico extremo por viajar por vários fusos horários). Fiquei, aproximadamente, 1 mês com muito sono a partir das 18 h, pois a esse horário no Brasil, já eram 23 h lá. Quando eu fui para lá, também sofri com mudança brusca de fuso, mas o efeito foi o inverso: só conseguia dormir às 4 h da manhã, enquanto aqui ainda eram 23 h.


Agora vou comentar algumas diferenças entre a minha vida em Berlim e em casa:

1.       Papel higiênico
Sempre que ia ao banheiro, sempre tinha que lembrar o fato de jogar o papel higiênico no lixo, e não dentro do vaso. Além disso, os papéis daqui são mais finos (mínimo de uma folha), enquanto que lá, as folhas são no mínimo 3 folhas!

2.       Interruptor da luz do banheiro
Estranhei bastante no início, que primeiro deveria entrar no banheiro para acender as luzes, e não o contrário, pois como citado na postagem #14, os interruptores são do lado de fora.

3.       Separar o lixo
Na Alemanha, há a cultura fortíssima de separar o lixo. Infelizmente, aqui no Brasil, essa cultura ainda é muito fraca e não há fiscalização e suporte necessário, para que haja separação eficiente dos lixos.

4.       Assoar o nariz em público
Aqui no Brasil, assoar o nariz em público é considerado nojento e é uma forma de demonstrar “má-educação”, mas na Alemanha não: não há problema algum em assoar o nariz em público, seja baixinho ou com um estrondo. Como eu tenho normalmente rinite, eu não tive problemas na Alemanha, pois os alemães fazem isso, e, por isso, eu me sentia “à vontade” para fazer isso, porque ninguém me encarava. Mas aqui no Brasil, não é cultural, então, tenho que me controlar um pouco com o barulho ao assoar o meu nariz.

5.       Aulas em português
Eu não sei se é porque eu tive muitas dificuldades na Alemanha ao aprender e nas provas, que achei as aulas ministradas aqui, no Brasil, muito mais fáceis: não sei se é pelo fato de ser na minha língua materna ou se o ensino daqui é muito mais facilitado aos estudantes que na Alemanha. Infelizmente, há uma distância enorme entre as formas e qualidades de ensino entre Brasil e Alemanha.

6.       Liberdade
Ao voltar a casa dos meus pais, senti que perdi muito a liberdade pessoal e liberdade de decisão, desde na escolha das refeições (o que comer) até pessoal (quando, como e o quê fazer). Em compensação, não preciso cozinhar nem lavar roupas. Não acredito que isso foi negativo, mas demonstra que sou capaz de me adaptar a viver sozinha e com meus pais.

7.       Locomoção
Tenho sorte de poder me locomover, na maioria das vezes, somente de carro, mas em momento algum, senti falta de andar de carro na Alemanha (só de dirigir), pois as conexões são práticas e vão para todos os lugares, na maioria das vezes, com mais de uma opção de rota. Também me dei conta de que não há transporte público de madrugada, por exemplo, na saída da balada. Se quiser sair de noite, tem que ou ir de carro, carona, taxi ou Uber.

8.       Geladeira e despensa

Em Berlim, dividia o apartamento com mais duas meninas, mas cada uma era responsável pelas suas comidas, ou seja, cada uma tinha uma prateleira na geladeira e cada uma comprava e comia o que queria. Como muitas coisas são perecíveis, eu evitava comprar muita coisa, uma vez que cansei de jogar comida fora (por estragar antes de comer): a minha geladeira era sempre "vazia", assim como a minha despensa, que tinham coisas básicas, como macarrão, açúcar, chocolate em pó etc. Quando cheguei em casa, eu me deparo com a geladeira cheia de coisas e a despensa também! Eis uma diferença enorme de morar sozinha e com os pais!

Para marcar essa mudança de fase de vida, resolvi também mudar de visual: cortei mais de 30 cm de cabelo e doei!

É com grande pesar que encerro a última postagem dessa série, cheia de lembranças, aprendizados e saudades. Muito obrigada a todos que fizeram parte deste momento único! Semena que vem começarei uma nova série!

 Liebe Grüße, dieses Mal aus Curitiba!!!

Auf Wiedersehen Berlin!


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